Consumo de energia elétrica nas favelas e a transformação de “consumidores em clientes”
Abstract
O processo de regularização de acesso aos serviços de energia elétrica em aglomerados informais é frequentemente descrito como uma “transformação de consumidores em clientes” (USAID, 2009). Na maior parte dos casos, tal transformação consiste em redefinir uma relação comercial deficiente e em criar medidas de eficiência energética que ajudem a ajustar os padrões de consumo das famílias à sua capacidade financeira. Dentro do contexto das transformações políticas nas favelas do Rio de Janeiro onde foram instaladas as UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), este artigo explora o processo de regularização da energia elétrica, concentrando-se nos aspectos das ações de eficiência energética implementadas pela companhia de distribuição do serviço. O objetivo principal deste artigo é mostrar como esta forma de reconfiguração de infraestrutura é implementada através de lógicas comerciais que, por sua vez, têm consequências na maneira como as medidas de economia de energia são promovidas. Inicialmente o artigo apresenta dois diferentes corpus de literatura cuja articulação permite uma compreensão da relação entre infraestrutura, práticas de consumo e políticas públicas de eficiência energética. Em seguida, o artigo propõe uma análise das ferramentas usadas pela companhia e das percepções das famílias. O artigo argumenta que as medidas adotadas pela companhia de distribuição de eletricidade aparecem, para enfraquecer a compreensão dos consumidores sobre seu próprio consumo. O artigo destaca então alguns limites de uma abordagem comercial para a economia de energia e as contradições de sua política.
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